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segunda-feira, 30 de maio de 2016

TAREFA SIMPLES

É normal o questionamento sobre o sentido da vida e sobre qual é, de fato, a missão particular de cada um durante a existência. 
Todos, sem exceção, até os mais relapsos, os descontraídos e aqueles aparentemente ‘de bem com a vida’, em determinado momento se questionam sobre o que estão fazendo ou já fizeram ao longo da vida. 
O sentido das ações boas ou más, das glórias ou derrotas, realizações ou frustrações será predominantemente delineado em acordo com o grau da sensibilidade espiritual que cada um desenvolveu quando, por uma decisão puramente intrínseca, optou por se envolver e dar mais valor, ou não, pelas coisas materiais.
Aqueles mais comprometidos com as coisas materiais e palpáveis, sejam bons ou maus, aqueles que enxergam o bom êxito da vida tão e somente pelo grau de sucesso que podem alcançar terão, sem dúvida, dificuldade bem maior para encontrar esse sentido de vida que tanto incomoda e que, só quando encontrado, pode levar cada ser humano a uma plenitude que sacia a ansiedade que lhe é nata.
Assim, também, são aqueles que, de maneira extrema e sôfrega, se lançam desbragadamente a dedicar toda sua vida e seu ser ao materialismo estrutural de uma crença, religião ou filosofia de maneira cega, com a mente limitada que interpreta, tão somente de modo fundamentalista e ao pé da letra, as bases dessas estruturas, apesar de religiosas, criadas pelos homens. 
Tantos uns como os outros são nada mais que reféns, obrigados a cumprirem uma missão sem nexo e sentido. Uma missão que além de se tornar um peso por responsabilidades assumidas, em alguns casos não atinge o objetivo e traz frustrações. 
Deus não exige obras grandiosas de ninguém, isso porque respeita ilimitadamente a liberdade, também ilimitada, que concedeu ao ser humano para que escolhesse seus caminhos e desse o tom à sua vida. 
Os propósitos de Deus são bem outros. E para sua criação, esses propósitos divinos são desconhecidos e insondáveis. 
À criatura resta viver um dia de cada vez, preocupando-se apenas em viver bem o momento presente, sabedora de que suas ações terão, de certa forma, efeito fundamental no andamento do todo universal.
Até mesmo aquela dona de casa que, dia após dia, se submete aos limites ínfimos de sua cozinha preparando as refeições para seus filhos, estará cumprindo uma missão essencial para a vida. 
A grande verdade é que Deus age em tudo por meio de todos, através da obra diária de cada um, tal como revela um trecho da Escritura. 
Se assim é, no final de tantas ações praticadas, às vezes até sem nexo, será encontrado um sentido para cada uma delas. 
Todos, sem exceção, foram escolhidos e receberam como presente o dom da vida e a herança para a eternidade, independentemente dos seus feitos sobre esse mundo terreno. 
Para desfrutar dessa herança maravilhosa, ninguém precisa cumprir uma grande e presunçosa missão, nem marcar seu nome nos anais da História. A cada um bastará apenas cumprir a simples tarefa de viver plenamente cada dia e cada acontecimento de sua vida, compreendendo a singeleza desse mistério do viver com amor. 
O viver com amor implica, também, em cada um expandir o reconhecimento, a alegria e a esperança pelas outras criaturas colocadas à sua disposição, sejam elas igualmente humanas, ou as outras criaturas animais, vegetais e minerais. Elas são vida! 
Amar, em suma, o microuniverso ao redor: essa é a simples tarefa de cada um
Amar toda criatura, deixando a marca pessoal na majestosa história do Universo, assinalando um pequeno ponto na linha tênue que separa cada um da eternidade. Simplesmente amar.
Amar sem questionar sobre acontecimentos que são incompreensíveis ao entendimento e nem, tampouco, minimizar a grandiosidade da vida ou a bondade de Deus, por causa da miséria, injustiça e da dor presentes no mundo.
Executar essa simples tarefa é efetivamente participar com cumplicidade do grande Mistério Cósmico que compõem a relação do Divino com suas Criaturas que são, afinal, todos nós! 
J. Rubens Alves