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A BELA E A FERA: UMA REFLEXÃO

Celine Dion & Peabo Bryson - Beauty And The Beast (HQ Official Music Video) Esta bela canção deu vida e sentimento à Bela e a Fera, ...

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sexta-feira, 15 de março de 2013

ATÉ ONDE?

Como quase todos fazem, peguei um dos carrinhos disponíveis no pátio do supermercado.
Já no interior da loja, por um descuido, quando buscava algo em uma das prateleiras, um garoto de aproximadamente oito anos apanhou meu carrinho, ainda vazio, e saiu correndo para entregá-lo aos pais, logo adiante.
Inconformado com a traquinagem, chamei o garoto e pedi que me devolvesse o carrinho e o orientei para que fosse apanhar outro vazio, na entrada da loja.
Não vou descrever em detalhes, a cena bizarra do pai, totalmente descontrolado me ofendendo e gritando impropérios pela repreensão que dirigi, de maneira carinhosa, ao garoto.
Não retruquei ao pai do garoto preferindo, como resposta, o silêncio e abrindo mão do carrinho.
Fiquei, todavia, refletindo o que aquele garoto assimilou daquela cena: se a atitude belicosa do seu pai ou a minha reprimenda carinhosa e educativa.
Certamente algo ele gravou em sua mente e isso influenciará, daqui a alguns anos, seu comportamento e suas reações.
Já não bastasse o abandono por parte de pais que, por força do trabalho árduo, deixam seus filhos sob efeito de celulares, vídeo games e programas de TV, é comum encontrar outra infinidade de pais não possuem o mínimo de sensibilidade para perceber que educar consiste, antes de tudo, em dar bons exemplos de convivência, de ações fraternas, de atos de amor com a família e respeito com os próximos que os rodeiam. Educa-se, enfim, para a vida!
Até onde errei ou acertei interferindo na atitude do garoto, só o tempo saberá.
Desejo, de coração, que aquele garoto tenha guardado a melhor parte daquele momento!
J. Rubens Alves

terça-feira, 31 de julho de 2012

IGUAIS DIFERENTES

Aconteceu ao levar um amigo para casa. Ao estacionar o carro, mesmo antes que descesse para me despedir, fui abordado por uma moça ainda jovem, bastante judiada na aparência e no asseio. Dizia que precisava completar o dinheiro para comprar um remédio para sua filhinha. 
Sem analisar se a estória de sua necessidade era ou não verdadeira peguei, continente, no console do carro onde sempre deixo algumas moedas, duas delas, sem mesmo ver o seu valor. A garota, ao estender as mãos, exibiu vários pontos de queimaduras em seus dedos, claramente sugerindo que era viciada, possivelmente em ‘crack’. 
Para minha surpresa e de meu amigo que, ao lado, observava toda cena, a garota esboçou um irreverente sorriso e, devolvendo-me as moedas com rara petulância, proferiu rudemente que ‘aquela quantia não lhe interessava e que as desse para outro idiota’, não para ela. Feito isso, deu de ombros e virou-me as costas, embrenhando-se por outra rua. Ficamos ali perplexos, por alguns instantes! 
Logo após esse inóspito episódio, estacionei o carro em outra rua para comprar os pães para o lanche da tarde. Ali é comum a presença de garotos que se oferecem para ‘olhar o carro’. 
Ao retornar da compra, como que numa reprise da cena que acontecera há apenas alguns instantes, novamente fui abordado por um deles que pedia ‘algum dinheiro’. Igualmente, era judiado na aparência e no asseio. 
Agora, propositada e conscientemente, peguei aquelas mesmas duas moedas rejeitadas pela moça e entreguei-as ao rapazote. Para minha surpresa ouvi de sua boca, esboçando um feliz sorriso, “obrigado, que Deus o abençoe”. 
Dois fatos isolados, mas parecidos. Pessoas da mesma classe social, excluídos e, de certa forma, carentes de um olhar, de uma ajuda. 
Apesar de iguais em sua essência e no seu aparente perfil são, entretanto, totalmente diferentes no grau e na maneira de aceitarem e conviverem com suas misérias e dificuldades. Ele pede pela necessidade de nutrir-se, ela para ‘alimentar’ o vício. 
Quilômetros de diferenças interiores separam as duas personagens, em especial, na espiritualidade, na forma de reconhecer tudo aquilo que Deus lhes concede a mais ou a menos. Um bendiz, enquanto o outro amaldiçoa. 
Assim, de posições sociais diferentes, mas semelhantes a esses dois jovens, quantos deixam de receber tantas bênçãos e dádivas que imploram ao Céu, por esperá-las apenas em grandes proporções, deixando de reconhecer e acolher, aquelas que são concedidas na forma de pequenas manifestações em suas vidas, tal como é o próprio dom do 'simplesmente viver'. 
Abrem mão de tantas pequenas alegrias verdadeiras, em troca de buscar e viver apenas atrás de grandes realizações, prazeres e resultados. 
A intensidade do viver, a alegria e paz em plenitude não dependem do grau ou posição social e cultural, e sim do grau de aceitação, sensibilidade e espiritualidade de cada um. 
Em verdade, ‘o sol nasce para brilhar sobre os bons e os maus’, comprovando que todos são iguais para os dons e graças da Vida, bastando a cada um optar por viver na luz ou nas sombras. 
Um viverá, o outro certamente perecerá! 
J. Rubens Alves

segunda-feira, 4 de junho de 2012

QUEBRADORES DE PEDRAS


Em palestras para grupos desmotivados, em especial para os jovens, gosto de partilhar uma narrativa antiga, na qual as personagens são três homens simples e rudes, todos quebradores de pedras. Três trabalhadores que exerciam exatamente o mesmo trabalho, mas com espírito diferenciado e com grau distinto de noção e motivação quanto ao serviço que prestavam. 
"Ao me aproximar deles, todos suados pelo árduo e pesado trabalho, perguntei ao primeiro homem o que ele fazia. De maneira muito grosseira, sem ao menos erguer a cabeça, respondeu: "- Estou quebrando pedras, oras..."
Dirigi, então, a mesma pergunta ao segundo trabalhador. Este, também de maneira pouco amigável e com expressão de raiva, respondeu entre os dentes: "- Não está vendo? Estou trabalhando". Dirigi-me ao terceiro com a mesma indagação. Este, parando de quebrar as pedras, limpando o suor da fronte com as mangas de sua surrada camisa, levantou os olhos e com um sorriso aberto e amigável me respondeu: "- Estou trabalhando, quebrando as pedras para construir uma bela catedral e desejo vê-la pronta!". 
É esta cena que acontece com a maioria das pessoas: por falta de sensibilidade espiritual elas não conseguem enxergar o verdadeiro sentido de suas ações. 
Sua vida e seu trabalho são destituídos de sentido verdadeiro, porque a motivação, se ainda ela existir, está direcionada apenas para a busca de resultados materiais pela sobrevivência. 
O trabalho cotidiano e quase a totalidade das ações diárias visam somente o suprir carências materiais. O resultado, do trabalho e das ações em si, serve para mascarar os medos cotidianos: medo da violência, medo da doença, medo...medo... 
Não se trabalha mais para construir catedrais, belas famílias, belos sonhos. Trabalha-se hoje para pagar os seguros do carro, da saúde, da casa, da previdência e tantos outros, porque a crença de hoje é que o ser humano já nasce doente, inseguro e irremediavelmente perdido. 
A sensação sobre o fruto do trabalho, ao final de cada jornada, é como se estivesse colocando os resultados em um saquitel furado. A sensação de vazio e perda será bem pior, caso não se coloque um sentido mais profundo em tudo aquilo se faz na existência: da ação mais simples do cotidiano, como por exemplo, passar um café pela manhã, até aquela mais qualificada no trabalho profissional. 
Somente neste treino, de se colocar um sentido mais profundo, um amor verdadeiro naquilo que se faz, é que poderá ser encontrado um caminho mais iluminado e prazeroso para  o viver plenamente a vida. Diante das exigências do mundo moderno que constituem o maior empecilho para vidas com mais amor e espiritualidade, assumir uma postura de mansidão e amorização diante das 'cruzes' que surgem a cada dia não é nada fácil. 
Será, portanto, um processo lento para modificar-se a mentalidade, aumentar a firmeza de propósito e tomar uma nova atitude diante do que a vida propõe. 
Essa proposta evitará a repetição inócua do ser simples quebrador de pedras e levará cada um, renovado diante da existência, a se transformar em construtor de catedrais e realizador de sonhos! 
J. Rubens Alves

segunda-feira, 30 de abril de 2012

ESPIRITUALIDADE MAIOR


Quando o ser humano atravessa o portal da sua natureza, descobrindo a sua maravilhosa e verdadeira essência acorda, então, para a enorme potencialidade que existe dentro de si e transcende. Passa valorizar o amor e o conhecimento, deixando para um segundo plano, outras preocupações da vida temporal. 
Elimina, entre outros elementos prejudiciais, o medo de certas situações, em especial da morte. Assume outra consciência.
Começa a sentir a sensação de que todo o Universo é interligado por uma mesma origem e que ele faz parte dessa grandeza. Percebe que apesar de sua pequenez faz parte de um todo Maior! 
Assume o controle pelo rumo de sua vida e de sua história utilizando-se legitimamente do livre arbítrio. 
Sobe em seu conceito os valores pela vida, pelo mundo. Entende que viver, consiste em fazer tudo por amor e que todo dia é uma etapa pela busca incansável e insaciável da Espiritualidade maior. Descobre um Mistério Cósmico por trás de toda a existência, inclusive a sua e que, através deste enigma, é que se revela o Divino. 
Vislumbrar que existe a Essência Maior do que ‘seu eu’, unifica, ampara e nutre sua vida. 
Enfim acaba libertando-se e conseguindo cura para sua sensação de abandono, de separação e isolamento. 
Quando consegue sentir essa Essência, quando encontra Deus, cada ser humano terá reconstituído a verdadeira identidade agregando-a à sua alma. 
J. Rubens Alves

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ABRIR MÃO

Certo homem, na hora da dificuldade financeira pela qual passava, lembrou-se de um amigo muito rico, dono de muitos negócios e resolveu procurá-lo para pedir-lhe um empréstimo. Após inúmeras tentativas conseguiu agendar um encontro viajando até outra cidade, esperançoso de ver atendido seu pedido de ajuda, pois se tratava de valor irrisório diante de tamanha fortuna do amigo.
Esperando ser recebido em sua casa, primeiramente estranhou que contrariamente o encontro fosse marcado em outro local, longe de sua residência onde ostentava carros importados e outras riquezas. Mesmo assim, tomou a coisa como normal e para lá se dirigiu confiante.
Seu ânimo ficou  abalado quando o amigo e a esposa chegaram com muito atraso em um carro popular, trajando sandálias de dedo e com roupas marotas nada convencionais ao estilo costumeiro.
Atônito diante de comportamento tão teatral, falso e mesquinho, o pobre homem necessitado ouviu um choroso não, que poderia ter sido dito com naturalidade e franqueza. Nunca vira antes uma encenação tão vulgar para o 'amigo' dizer-lhe um simples ‘não’!
Tal narrativa espelha muito bem a realidade. Muitos, ou melhor, poucos possuem muito. Desses poucos, muitos regateiam e choram em tudo, na hora de ajudar aqueles que precisam de uma ajuda, de um empurrãozinho. Existem, ainda, aqueles que dividem pequenas migalhas, atirando-as para saciar a fome daqueles que implora. Chega a ser cômico do que é capaz uma pessoa gananciosa e presa aos bens materiais, quando se trata de desprender-se e ajudar.
Seria espetacular se aqueles que receberam mais em poder e riqueza se conscientizassem profundamente sobre aquilo importante que lhes é efetivamente essencial e, gratuitamente, abrissem mão do supérfluo que também lhes foi confiado por Alguém Maior.
Atitude generosa gera alegria e, sobretudo a paz, evitando males que podem alastrar-se indefinidamente pelas conseqüências da ganância e da avareza.
Ainda bem que existem, ainda, muitos que são capazes de tirar a própria camisa para cobrir o próximo.
J. Rubens Alves

terça-feira, 2 de agosto de 2011

SOMOS CAPAZES

É louvável a execução do Hino em várias ocasiões, em especial antes dos jogos dos campeonatos esportivos.
Nunca se viu antes, contudo, tanta vulgarização com nosso Hino Nacional, tantas vezes, com arranjos discutíveis, por conjuntos e solistas duvidosos em sua capacidade e compostura para tão grande honra.
Quando se ouve falar em abertura de Jogos Olímpicos e Copa do Mundo no Brasil, arrepia. Pelo que é exibido nessas ocasiões, só de imaginar, sente-se vergonha do que poderá ser idealizado.
Como vai ser? Ruboriza a face só em pensar. Haverá, sem dúvida, o abuso de brasilidades, de exibições avacalhadas, sem sentido e graça? Espaço para cantores de axé deixando-se de lado artistas e grupos excelentes e valorosos que o País ostenta no seu lado erudito?
Viu-se uma mostra no sorteio realizado para a Copa do Mundo, no último dia 30 quando, apesar da tecnologia empregada na iluminação e rica preparação do espaço, foi recheado de apresentações de gosto duvidoso para a ocasião. O resultado foi a monotonia que tomou conta do evento apresentado para representantes do mundo inteiro.
Ao contrário, servindo de exemplo, a cerimônia dos Jogos Mundiais Militares, no Engenhão, com abertura e encerramento maravilhosos, assistiu-se a uma interpretação emocionante do Hino Nacional com Wagner Tiso, Arthur Moreira Lima, João Carlos de Assis Brasil, Nelson Ayres, Amilton Godoy e Antonio Adolfo tocando juntos ao piano.
Que essa apresentação sirva de inspiração para aqueles que serão encarregados de preparar as cerimônias de abertura e encerramento das Olimpíadas e Copa do Mundo, porque serão os responsáveis de passar ao mundo um Brasil rico e mais culto, sem abusar de temas que foram e são ainda a sina do povo brasileiro.
Pode ser que assim, mostrando a nova e desconhecida faceta artística e cultural, os brasileiros não sejam mais considerados somente um país das bananas, de índios, de cobras, de balangandãs e outros folclores ricos, porém lúdicos.
Assistir a um momento cultural e enriquecedor como essa apresentação dos pianistas, por exemplo, impulsiona para um degrau acima das danças de famosos, das novelas cotidianas, do BBB e do vulgar com que a mídia brasileira alimenta o povo!
J. Rubens Alves

domingo, 3 de julho de 2011

APENAS UMA LINHA


Apesar do grandioso esforço, como é difícil manter o nível alto de motivação, tão necessária para a modificação profunda do ser humano.
Sem motivação verdadeira, a vida se torna um tédio, porque nada é bom e aprazível. Se existir comprometimento profundo do ser humano somente com as coisas temporais que ofuscam a sua sensibilidade espiritual, com certeza faltar-lhe-á a luz.
Existem, é verdade, muitas tentativas de imprimir-se motivação à existência com doses de misticismo e religiosidade, às vezes procuradas em lugares errados.
Essas tentativas, assim, ficam restringidas aos atos mais corriqueiros de expressão de fé porque confunde-se espiritualidade com religião.
Devido a essa tênue linha que separa a religião da espiritualidade, o ser humano fica ainda mais confuso.
Basta olhar ao redor para se perceber, cada vez mais, a distância entre o ser e a sua verdadeira Fonte de vida e santidade.
Isto se deve às limitações humanas em compreender uma coisa e outra, em suplantar a sua condição dimensional de matéria e a dependência física de crer somente naquilo que pode ver e tocar. Limitações da própria natureza do ser.
A vida na matéria não é ruim, todavia, tolhe o homem na essência enquanto parte inseparável do plano Divino.
A sensação de desconforto é maior porque, não podendo ignorar essa atração pelo transcendente, o homem percebe toda sua dificuldade em ascender para mais perto de Deus como simples humano, não podendo ser plenamente completo.
Por isso, muitos nunca estão satisfeitos consigo mesmo, com seu jeito de ser, com sua vida, com seu peso, com sua aparência, com seu trabalho e com suas qualidades, sejam quais forem.
Para ser feliz é preciso aprender a superar essa linha tênue que separa cada ser humano de tudo o que seja Divino.
J. Rubens Alves

segunda-feira, 25 de abril de 2011

CONTRARIEDADE

Quando um mal-estar, certa angústia aperta e confunde os sentimentos é porque se está sofrendo uma contrariedade.
A contrariedade nada mais é que um aborrecimento, um descontentamento sobre algo que está ocorrendo.
Algo que brotou entre duas coisas contrárias, que não se identificam pela sua essência e pela sua verdade, em relação ao que se deseja.
Quando a contrariedade é causada por coisa ou fato, quase sempre é simples superá-la porque é suficiente reparar o fato tornando-o positivo ou eliminar a coisa contrária.
Na maioria das vezes, o “aquilo” que provoca o mal-estar, ‘a pedra no sapato, a pimenta nos olhos, o sapo a engolir, o caroço de angu, a pisada no calo’, assim como se refere no popular para definir contrariedade, não é uma “coisa”, mas uma pessoa.
Uma pessoa se torna uma contrariedade, com todos os adjetivos acima, quando se opõem ao outro para questionar verdades, atitudes e princípios pessoais.
Muitos se tornam contrariedade na vida de alguém por simples ato de amor, para tirar a venda dos olhos e fazê-lo enxergar alternativas e possibilidades.
Antes de considerar a atitude de alguém como uma contrariedade e um estorvo, será sempre melhor, considerá-la uma bela oportunidade para renovar e revisar conceitos e verdades enraizados no coração!
Vale a pena um sacrifício extra para compreender aquelas pessoas que parecem ser contrariedade na nossa vida, quando apenas desejam ajudar. Essa compreensão evita, inclusive, muitos desgastes e desentendimentos.
J. Rubens Alves

sexta-feira, 22 de abril de 2011

ANJOS NA RUA

Uma câmera registra os detalhes. Noite. Rua vazia. A caçamba repleta de entulhos de uma construção. Uma mulher caminha com um volume nos braços. Pára ao lado da caçamba e deposita o volume que tem nos braços. Sem maior atenção, vira as costas e parte sem olha para trás.
Um momento após, apenas um momento, entra em cena um catador de papéis. Aproxima-se da caçamba para certificar-se se há algo que lhe sirva. Afasta-se, no entanto, cheio de espanto e aflição. Aparentemente não sabe o que fazer e corre para buscar auxílio. Volta acompanhado de outro homem e juntos remexem a caçamba e para sua surpresa encontram um bebê de apenas uma semana.
O fato aconteceu em uma cidade no litoral, veiculado em todas as mídias, provocou comoção e tristeza.
Pensamos que já vimos de tudo. Em relação ao comportamento humano, contudo, não podemos afirmar o mesmo.
Sempre um ou outro acontecimento como esse comprova como o ser humano é, às vezes, um animal, ou melhor, pior que animal, porque esses últimos nunca abandonam suas crias. Animais lutam por elas, amamentam e as defendem.
Não é preciso comentar mais nada sobre essa triste história que impôs uma primeira grande aventura a um bebê de apenas uma semana.
É necessário sim, refletir sobre um outro lado dessa comovente história e que nos fala de mistério que a vida encerra.
O anjo que aparece na pessoa de pobre catador de lixo. Através da aparente irrelevância social daquela figura, renasce a história de uma vida que mal começara.
A indiferença da mulher que abandona a criança é compensada pela sensibilidade revelada num ser humano que, muitas vezes, é preterido e ignorado pela sociedade.
A vida de um ser indefeso, excluído do calor materno é recolocada no curso da sua história por alguém que, certamente, é um excluído do calor da sociedade.
Duas vidas, de sofrimentos tão profundos, que se cruzam pela do amor e bondade divinas que agem quando e através de alguém que menos se espera.
Excluídos, cada um em seu momento, mas unidos por um fio divino da vida.
Tudo o mais, todas as conseqüências, ocorrerão a partir do detalhe desse encontro inusitado.
Um mistério difícil de compreender, mas que traz consolo e esperança.
J. Rubens Alves

segunda-feira, 11 de abril de 2011

UMA PONTE

A violência e a frieza presentes no mundo resultam em certo pânico nas pessoas que assistem atrocidades sem limites, tal como a matança de inocentes em escolas.
Episódios assim causam, por exemplo, estado de medo da maneira que são divulgados e explorados.
Pânico e medo, todavia, não cabem na vida daqueles que se lançaram nos caminhos que levam a espiritualidade e nem afetam a vida dos que buscam esperançosos, uma maior proximidade de Deus.
Deixar-se envolver por esses episódios horrorosos de medo e desesperança, é permitir-se afogar nesta vida, perdendo-se nela, e fazendo dela uma morte prematura, mesmo que seja uma “pequenina morte” da alegria de viver.
Vida! É preciso aprender ganhar a própria vida!
Ah! Como leva tempo para compreender, em toda sua dimensão, essa verdade presente no ensinamento do maior Mestre de todos os tempos.
Mentes doentias precisam de auxílio para eliminar os desejos compulsivos e a tentação de isolar-se de tudo e de todos.
É preciso usar a sensibilidade que se possui no coração para encontrar, nesse mar de gente, as pessoas que precisam de ajuda para encontrar a liberdade e o gosto verdadeiro pela vida.
Como é corajoso recobrar consciência de que tipo de vida que se deseja experimentar. Isso depende da atitude de cada um em assumir a alegria a cada minuto do maior dom que se pode receber: a vida!
Ajudar pessoas a compreenderem essa dimensão é como ajudá-las a atravessar uma ponte que leva para a continuidade da Vida.
J. Rubens Alves

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O CAMINHO

Mas “como o jovem poderá conservar puro o seu caminho?”.
A rede de prostituição, a cadeia vícios e a violência decorrente que aí estão, poderiam ser minimizadas e até evitadas, se fossem resgatados os valores e os princípios espirituais e familiares.
A família, apesar de tantos sistemas manifestarem um desejo suspeito de destruí-la, constitui-se ainda a base principal para a formação sadia e segura dos jovens.
A preservação da família é a melhor alternativa para se resgatar os jovens desse vazio sem fim e tirar-lhes os pés da beira do abismo.
É da família, preenchida de Deus e fortalecida em seus fundamentos, a iniciativa de repetir sempre, incansavelmente:
“Meu filho, escute a disciplina de teu pai e não despreze o ensinamento de tua mãe, porque serão para você uma coroa formosa na cabeça e um colar no pescoço.
Meu filho, se os maus quiserem enganar você, não se deixe arrastar.
Meu filho, não ande com gente desse tipo, nem ponha os pés no caminho deles, porque os pés deles correm para a maldade, e eles apressam o caminho para o sangue”
Conselhos maravilhosos e atuais, mas que não são meus. Tratam-se de conselhos seculares registrados no Livro Bíblico dos Provérbios 1, 8-19, referência para quem desejar ler mais e aprender orientar com sabedoria e substância.
J. Rubens Alves

segunda-feira, 28 de março de 2011

HERANÇA DISPONÍVEL


Na verdade, todos nós sentimos que há algo muito maior entre nossa vida e o que verdadeiramente a inteligência é incapaz de alcançar.
Existe além de nós Algo Superior, sobre o qual ainda não conseguimos ter um nítido entendimento, mas em alguns instantes, apenas experimentamos certo gosto de plenitude, de intenso amor, de grandiosa felicidade, de intensa paz e de uma inexplicável sensação de bem-estar.
Conseguimos viver tudo isso quando fixamos nosso ser num nível espiritual mais elevado.
Fazemos parte de um plano grandioso, muito maior do que essa fase de nossa existência. Fomos escolhidos antes de nosso nascimento para sermos o que somos e vivermos onde estamos. Fomos contemplados com uma herança, um cheque em branco, do qual anida não tomamos posse, porque não alcançamos o entendimento desse mistério da relação entre o humano e o Divino.
É importante sentir nosso envolvimento em todo esse processo divinal.
Vamos tomar consciência dessa herança disponível. Partilhar depois, nossa experiência individual com aqueles que cruzarem nossos caminhos.
Todo dia, recebemos o presente de amanhecer com vida para usufruir a riqueza da criação e buscar, mais lá no alto, aquilo que tanto desejamos!
J. Rubens Alves

sábado, 19 de fevereiro de 2011

APRENDER A ENXERGAR

Afinal quem somos nós, o que buscamos e como nos inserimos nesta pródiga Terra da qual somos somente peregrinos?
Enviaram-me uma breve estória e, mesmo desconhecendo a autoria, ela nos levará a refletir sobre o buscar nossa identidade.
A estória completa o texto anterior:
“Certo dia, um chinês chamado Chang tomou uma resolução: iria dedicar sua vida para meditação. Decidiu ir para um mosteiro no alto de uma solitária montanha, com objetivo de encontrar o entendimento e a iluminação.
Viajou muitos dias e, ao chegar frente ao portão principal do mosteiro, encontrou aquele que seria o seu mestre. Chang foi recebido com muito amor pelos monges que há muitos anos viviam por lá. Eufórico, dizia a todos:
- Vim para buscar minha iluminação.
Passado algum tempo, o novato monge Chang começou a ficar descontente com sua situação, pois não conseguia encontrar o caminho da luz. Procurou seu mestre e disse-lhe:
- Amado mestre, ensinaste muitas coisas belas e importantes nesta minha caminhada, mas ainda não consegui alcançar a iluminação em minha vida. Quero desistir da vida de monge e voltar para a minha aldeia.
E o mestre respondeu:
- Tudo bem, Chang. Já que você está desistindo desta vida de meditação, quero lhe acompanhar na descida da montanha. Amanhã, às 4 horas da manhã, estarei esperando você no portão principal do mosteiro.
No horário marcado, Chang encontrou o seu mestre. Ao sair do mosteiro, o mestre perguntou a Chang:
- Querido filho, o que estás vendo neste momento?
Ele respondeu:
- Mestre, vejo o orvalho da madrugada, o céu estrelado e uma lua maravilhosa e sinto o cheiro da flores.
Continuaram, em silêncio, descendo a montanha. Passada uma hora de caminhada, o mestre pergunta:
- E nesta parte da montanha, o que está vendo?
Chang respondeu:
- Vejo os primeiros raios de sol, escuto o canto dos pássaros e sinto a doce brisa da manhã penetrando em todo o meu ser.
E assim continuavam a descer a grande montanha. Passadas algumas horas, o mestre voltou com a mesma pergunta, e Chang assim respondeu:
- Mestre, neste trecho da montanha sinto o calor do sol, o som do riacho, o orvalho evaporando e os animais silvestres em harmonia com toda a natureza.
Seguiram a caminhada. Chegaram ao pé da montanha ao meio-dia. E mais uma
vez, o mestre fez a mesma pergunta, e Chang respondeu:
- Mestre, agora vejo a bela montanha, as árvores da floresta, o riacho doce que circunda o vale, o camponês cuidando da plantação de arroz. Vejo também uma criança feliz brincando com seus amigos.
Então o mestre lhe falou:
- Agora você já poderá voltar para o mosteiro.
Espantado, Chang perguntou qual seria a razão da volta ao mosteiro.
Respondeu o mestre:
- Porque você já encontrou o entendimento e a Iluminação.
- Como assim?
- Muito simples. Em cada etapa da descida da montanha você percebeu a importância de cada detalhe da natureza, compreendendo os seus sons, seus odores, suas imagens, suas cores e sua vida. Assim é que devemos ver e interpretar esta longa caminhada. A isto tudo, nós chamamos de iluminação. A cada degrau da vida você deve ser capaz de ver e sentir a beleza que ela oferece”.
O Belo é a expressão mais natural do Ser Divino. Se entendermos isso, nossos sentimentos se tornarão nossos olhos que penetram a verdadeira essência. Só é preciso aprender a enxergar.
J. Rubens Alves