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quinta-feira, 1 de abril de 2010

VERDADEIRA PÁSCOA

Ninguém no mundo pode mudar a Verdade! Somente o que podemos fazer, quando a encontramos, é abraçá-la e aceitá-la. 
Existem neste momento, aos nossos olhos, tantos conflitos próximos a nós e um pouco mais distante, ocupações de exércitos pelo mundo inteiro, que provocam grandes desastres. São conflitos que nos incomoda, entristece pois são sangrentos e provocam perdas de vidas.
O grande conflito de hoje, entretanto, é um conflito interno. Conflito mais próximo, dentro mesmo de cada um. Dois pontos inconciliáveis no profundo da alma: o bem e o mal, o pecado e o amor. Em outro aspecto: é o conflito entre escolher Deus, o poder ou o dinheiro? 
Tomamos conhecimento, estamos informados de tudo o que acontece aqui e no mundo. Clamamos e defendemos o fim de tantas batalhas de poder, mas minimizamos e até ignoramos o conflito dentro de nossa vida. 
De que maneira, pois, valeria dizer sobre uma vitória no campo de batalha, no trabalho, no social, se continuamos em conflito no profundo de nossas almas? Podem dois andar juntos se divergem entre si? Todo aquele que se converte, opta por um só Senhor e passam a caminhar juntos. Aí sim, floresce uma vida plena de harmonia, amor, paz e alegria! O maior mistério, o Pascal, encerra essa verdade de vida que tanto buscamos! É Páscoa. Cristo Ressuscitou e nós viveremos com Ele. (J. R.)

sábado, 27 de março de 2010

O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO"


"Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
- Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
- Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando- nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha - geralmente uma das filhas - e dizia:
- Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa. Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
- Vamos marcar uma saída!... - ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Prá que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos, do leite...
Que saudade do compadre e da comadre... "
(José Antônio Oliveira de Resende - Professor de Prática de Ensino de Língua Portuguesa,
do Departamento de Letras, Artes e Cultura, da Universidade Federal de São João Del-Rei/MG)