Enquanto vive no mundo, a condição normal da pessoa humana é a de “estrangeiro e peregrino sobre a terra” (Hebr. 11,13). Depois do pecado o homem torna-se um exilado. Em cada homem Caim continua fugindo e procurando um ponto geográfico de fixação. É a tentativa de romper o cordão umbilical com o pecado e irmanar-se pacificamente com a mãe-terra.
Enquanto a pessoa não encontra esse ponto-de-repouso, continua fugindo. A condição humana, na cidade terrestre, é de peregrino e estrangeiro (I Pd. 2,11). “Sabemos que todo o tempo que passamos no corpo, é um exílio longe do Senhor” (II Cor. 5,6). Só depois que “for destruída esta tenda em que vivemos na terra, teremos no céu um habitação eterna” (II Cor. 5,1).
Por isso, vale dizer que o homem é o peregrino do absoluto (Leon Bloy). Ele vai do seu exílio terrestre à habitação celeste; a primeira é provisória e a outra definitiva.
Essa peregrinação do homem, com seus altos e baixos, suas quedas e soerguimentos, é uma constante história de amor. Deus acompanha os seus filhos nessa odisséia divina através do exílio humano.
A fraqueza humana, que frequentes vezes leva o peregrino ao cansaço da caminhada, aos momentos de pessimismos, às fossas e desânimos, é certamente a frustração mais desastrosa. No entanto, Deus caminha ao nosso lado, nos apóia e sustenta, nos anima e reconforta. Deus nunca abandona o seu caminheiro. As maiores maravilhas acontecem ao longo dessa peregrinação, rumo à pátria definitiva.
O pecado não é absoluto; só Deus é absoluto. Seu amor é a grande força que nos leva à vitória. O AMOR é a única força que nos dá sentido à vida do homem, à sua peregrinação pela Jerusalém terrestre e a sua realização plena até a Jerusalém Celeste.
À luz do AMOR de Deus, em nós, a nossa vida adquire um sentido novo e um sentido pleno. Então a peregrinação do homem torna-se uma “HISTÓRIA DE AMOR”.
(Frei Urbano Plentz – Ofm - Membro da Academia Mineira de Letras )