Outro dia colocava, para um amigo, meu ponto de vista sobre medo e temor. Uma coisa é medo, outra o temor. Tentava explicar-lhe que, quando ainda pequenos, nossos pais ensinavam o temor a Deus e às suas coisas. Naquele tempo se sentia mais temor a Deus do que medo pelas coisas do mundo. Hoje é o inverso.
Assim, quando se manifesta o medo por algo, se demonstra a própria impotência de lidar com situações inusitadas. É como confessar a fragilidade interior e certa covardia. O medo não implica respeito. Hoje, se sente mais medo do que respeito. Finge-se o respeito apenas para que as coisas não se compliquem.
Já o temor, este sim, implica respeito. Sente-se temor diante da grandiosidade e magnitude, tal como se apresenta Deus diante de cada ser vivente ou diante dos mistérios do Universo. Interessante que o temor, não causa insegurança nem a sensação de fragilidade diante do ser.
Hoje, diante de tudo o que está aí rondando a vida, existe uma humanidade medrosa, que se encolhe e se fecha diante das vicissitudes geradas por ela própria, em conseqüência da falta de temor a Deus e à sua justiça.
Aquele que cultiva o temor a Deus e pratica sua justiça é incapaz de planejar praticar atos que produzam medo e prejuízos ao próximo e à vida.
Esse pequeno detalhe, do temor a Deus, falho na educação desde a infância até a juventude é que instiga a humanidade a ser pretensiosa demais, cheia do sentimento do ‘eu me basto porque sou mais’, conduzindo-a por caminhos de insanidade e violência no trato com vida e ao próximo.
Sem o temor a Deus, o homem não é capaz de enxergar além do próprio umbigo e caminha para a própria destruição.
J. Rubens Alves