Era nosso costume estacionar o carro nos arredores de nosso trabalho, em especial numa rua com fluxo baixo de trânsito.
Tal como eu, minha esposa e filha também estacionavam ali e nenhum entre nós imaginaria que este procedimento tão comum pudesse se transformar, algum dia, em pretexto para discórdia e atos de agressividade.
Um dos proprietários de certo estabelecimento comercial passou, costumeiramente, a proferir xingamentos a mim e à minha filha. Diante de vários incidentes agimos com bons modos, sem revide, procurando ignorar as provocações daquele senhor que, apesar de formação diferenciada, se mostrava descontrolado e descia dos patamares da boa educação sempre que percebia nosso carro estacionado em frente ao seu negócio.
Certo dia, pequena parte do para-choque traseiro avançou sobre a guia rebaixada de sua garagem. Apesar desse detalhe não impedir a saída ou entrada de veículos, aquele surtado senhor chamou fiscais de trânsito para multar e rebocar nosso veículo.
Os vizinhos, inconformados com aquela atitude nos avisaram em tempo para evitar a remoção do veículo, mas a multa foi aplicada.
Aquele estranho indivíduo, entretanto, não satisfeito, continuava a desfiar seu virulento palavreado contra nós, esboçando seu sarcástico sorriso.
Minha filha irritada com a situação estava prestes a perder a compostura com aquele indivíduo. Convenci-a para que entrasse no veículo e o conduzisse para outro lugar.
Voltei-me, então, para aquele moço agressivo e descontrolado convidando-o a refletir sobre sua atitude tão agressiva, antissocial e, acima de tudo anti-cristã.
A partir daquela data nunca mais estacionamos ali o veículo evitando, até mesmo, em caminhar por aquele trecho de calçada, para não alimentar outros incidentes. A cada nova provocação, fazíamos questão em responder com silêncio e mansidão.
Nos últimos tempos não o vimos mais nem ali ou em outro lugar. Nossos caminhos não mais se cruzaram.
Quase cinco anos se passaram e nem lembrávamos esse transtorno.
Surpreendentemente minha esposa, há alguns dias, entrou no escritório com olhar surpreso, para avisar que alguém desejava falar-me. Segundos depois, ali diante de mim, estava aquele mesmo moço, agora abatido e com olhar melancólico, me pedindo o perdão. Disse-me que, durante o tempo transcorrido desde aquele destempero, a esposa lhe pedira separação, ele por sua vez fracassara no trabalho e se considerava agora doente do corpo e da alma, numa prova viva e cabal de que a maioria das doenças advém do ranço e remorso que cada qual guarda em seu coração.
Aflito, tentou relembrar todo o ocorrido, mas não o deixei continuar. Simplesmente abracei-o e pedi que fosse em paz, desejando-lhe que Deus, em sua misericórdia e bondade, lhe concedesse a graça de recobrar novamente a luz e a paz para sua vida e sua família.
Sob dois aspectos esse acontecimento maravilhoso deve ser motivo de imensa alegria: por um lado ali estava uma pessoa que verdadeiramente reencontrou o caminho de volta para Deus e para a Vida, através do arrependimento e da atitude despojada e humilde de pedir o perdão; por outro, a oportunidade em reconhecer que Deus se manifesta em ato contínuo nas nossas vidas, colocando-nos em situações pelas quais somos provados quanto a nossa medida e capacidade de acolher, perdoar e amar.
Essa experiência real, recentemente vivida, comprova a necessidade de estarmos sempre preparados para o acolhimento e para o perdão incondicional a qualquer um, colocando fim ao ciclo vicioso que se instala, pela ação do Mal, no relacionamento entre seres humanos.
Devemos acreditar na capacidade de sermos magnânimos e praticantes da lei do perdão, a única que alimenta o amor, a justiça e a paz duradoura!
Afinal, somos nós os potenciais construtores da paz neste mundo para, em consequência, conhecermos a Paz do Alto!
J. Rubens Alves
Tal como eu, minha esposa e filha também estacionavam ali e nenhum entre nós imaginaria que este procedimento tão comum pudesse se transformar, algum dia, em pretexto para discórdia e atos de agressividade.
Um dos proprietários de certo estabelecimento comercial passou, costumeiramente, a proferir xingamentos a mim e à minha filha. Diante de vários incidentes agimos com bons modos, sem revide, procurando ignorar as provocações daquele senhor que, apesar de formação diferenciada, se mostrava descontrolado e descia dos patamares da boa educação sempre que percebia nosso carro estacionado em frente ao seu negócio.
Certo dia, pequena parte do para-choque traseiro avançou sobre a guia rebaixada de sua garagem. Apesar desse detalhe não impedir a saída ou entrada de veículos, aquele surtado senhor chamou fiscais de trânsito para multar e rebocar nosso veículo.
Os vizinhos, inconformados com aquela atitude nos avisaram em tempo para evitar a remoção do veículo, mas a multa foi aplicada.
Aquele estranho indivíduo, entretanto, não satisfeito, continuava a desfiar seu virulento palavreado contra nós, esboçando seu sarcástico sorriso.
Minha filha irritada com a situação estava prestes a perder a compostura com aquele indivíduo. Convenci-a para que entrasse no veículo e o conduzisse para outro lugar.
Voltei-me, então, para aquele moço agressivo e descontrolado convidando-o a refletir sobre sua atitude tão agressiva, antissocial e, acima de tudo anti-cristã.
A partir daquela data nunca mais estacionamos ali o veículo evitando, até mesmo, em caminhar por aquele trecho de calçada, para não alimentar outros incidentes. A cada nova provocação, fazíamos questão em responder com silêncio e mansidão.
Nos últimos tempos não o vimos mais nem ali ou em outro lugar. Nossos caminhos não mais se cruzaram.
Quase cinco anos se passaram e nem lembrávamos esse transtorno.
Surpreendentemente minha esposa, há alguns dias, entrou no escritório com olhar surpreso, para avisar que alguém desejava falar-me. Segundos depois, ali diante de mim, estava aquele mesmo moço, agora abatido e com olhar melancólico, me pedindo o perdão. Disse-me que, durante o tempo transcorrido desde aquele destempero, a esposa lhe pedira separação, ele por sua vez fracassara no trabalho e se considerava agora doente do corpo e da alma, numa prova viva e cabal de que a maioria das doenças advém do ranço e remorso que cada qual guarda em seu coração.
Aflito, tentou relembrar todo o ocorrido, mas não o deixei continuar. Simplesmente abracei-o e pedi que fosse em paz, desejando-lhe que Deus, em sua misericórdia e bondade, lhe concedesse a graça de recobrar novamente a luz e a paz para sua vida e sua família.
Sob dois aspectos esse acontecimento maravilhoso deve ser motivo de imensa alegria: por um lado ali estava uma pessoa que verdadeiramente reencontrou o caminho de volta para Deus e para a Vida, através do arrependimento e da atitude despojada e humilde de pedir o perdão; por outro, a oportunidade em reconhecer que Deus se manifesta em ato contínuo nas nossas vidas, colocando-nos em situações pelas quais somos provados quanto a nossa medida e capacidade de acolher, perdoar e amar.
Essa experiência real, recentemente vivida, comprova a necessidade de estarmos sempre preparados para o acolhimento e para o perdão incondicional a qualquer um, colocando fim ao ciclo vicioso que se instala, pela ação do Mal, no relacionamento entre seres humanos.
Devemos acreditar na capacidade de sermos magnânimos e praticantes da lei do perdão, a única que alimenta o amor, a justiça e a paz duradoura!
Afinal, somos nós os potenciais construtores da paz neste mundo para, em consequência, conhecermos a Paz do Alto!
J. Rubens Alves
2 comentários:
Muito boa a proposta de sua reflexão, para se dar sentido às ações de nosso quotidiano. Entre outros sentidos, venho fazendo esforço de porte, para conseguir cumprir aquilo que rezamos no "Pai nosso", para que nossos momentos da vida diária sejam de que "seja feita a vossa vontade, assim na terra..." Paulo
com uma situação dessas qualquer um sairia do sério e partiria para o revide e agressividade... muito bonito adorei! serve para refletirmos e pagar o mal com o bem sem rancores e magoas, parabéns! isso sim é vivenciar Jesus!
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