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A BELA E A FERA: UMA REFLEXÃO

Celine Dion & Peabo Bryson - Beauty And The Beast (HQ Official Music Video) Esta bela canção deu vida e sentimento à Bela e a Fera, ...

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

XÔ! LOUCURA DOIDA


De louco todo mundo tem um pouco. Este velho provérbio até fazia sentido pouco tempo atrás. Do jeito que as coisas andam, por ora será melhor dizer que ‘de louco quase todo mundo tem muito’.
O ritmo desenfreado para cumprir obrigações diárias está levando grande número de pessoas agir como loucas. É só prestar um pouco de atenção e surgem acontecimentos pitorescos no trajeto para a escola, trabalho ou lazer, demonstrando que o equilíbrio já foi quebrado. Temos que pedir aos anjos que nos protejam a cada instante!
Há algum tempo, em São Paulo, eu seguia por avenida de grande movimento ao cair da tarde, com fluxo intenso no sentido bairro quando um veículo, por distração de seu condutor, invadiu uns poucos centímetros a faixa paralela que o separava de outro que trafegava ao lado.
O fato foi corriqueiro, não trazendo qualquer perigo na forma como aconteceu, porque havia espaço suficientemente seguro entre os dois veículos, sem contar que no momento a velocidade estava bem abaixo do permitido. Tudo estaria encerrado se o passageiro do veículo supostamente ameaçado não reagisse tão agressivamente. Gritou, gesticulou e proferiu impropérios ao inocente infrator. Não satisfeito, colocou para fora meio corpanzil através da janela. Os veículos em movimento. Para surpresa de todos que assistiam àquele grotesco espetáculo, atirou sobre o veículo um sapato de salto alto e logo depois mais outro. Não sei de onde sacou aqueles sapatos. Poderia ser uma arma.
Percebi nos veículos mais próximos pessoas rindo, tal como satisfazendo a vontade secreta de agir da mesma maneira. O instinto animal engolindo o humano.
Centenas de outros casos semelhantes, piores ou não, poderiam ser lembrados pelos leitores ilustrando, mais ainda, em que ponto pode chegar essa loucura coletiva.
Não é necessário mergulhar nestes episódios buscando respostas para descobrir se os ímpetos são semelhantes em outras regiões ou países, porque isto fica evidente através das notícias que saturam os meios de comunicação.
No popular, com certa redundância, é uma loucura doida, ou doideira louca: mistura de psicose com alienação, piração com delírio, doidice com insanidade, seja lá o que for.
Se esta loucura é um mal que assola toda a raça humana, pelo que todos os dias assistimos, saber sobre a origem destes distúrbios emocionais ou decifrar sua classificação não importa muito neste momento.
A verdadeira intenção é alertar que antes deste mal nos acometer, existem contaminações que o precedem. É bom perceber os sistemas que regem a vida moderna, seja o de governo, o tecnológico, o financeiro ou de comunicação entre tantos outros, impondo a todos, sem qualquer distinção, certa e propositada submissão que oprime, estressa e leva à loucura.
Estes sistemas utilizam a sutil estratégia de anular, antes de sua investida devoradora, do senso crítico do indivíduo.
Sem o senso crítico fica mais difícil perceber quanto se agita o coração ao ouvir as baboseiras e notícias sobre os desmandos do governo. Sem senso crítico se aceita, sem reação, o atendimento impessoal do sistema de telefonia, que dribla o usuário com a voz virtual e metalizada ditando alternativas. Sem senso crítico, o cliente bancário (em especial o que não aplica grandes somas), submete-se ao papel humilhante e secundário, de reles empregado não remunerado que, diariamente, se presta às funções e práticas que lhe roubam minutos ou horas preciosas da vida, ao mesmo tempo em que é assaltado vergonhosamente nos extratos bancários, por taxas de administração e juros abusivos. 

Sem senso crítico fica difícil desconfiar das facilidades para se adquirir um celular, conseguir um cartão de crédito, crédito pessoal ou fazer crediário. Sem senso crítico se aceita, sem resistência, a ideia falsa disseminada pelo sistema de planos de saúde, de que todos nascem e são condenados perpetuamente para a doença. Enfim, sem senso crítico impera incapacidade de reação e de atitudes de oposição.
Da mesma forma, é bom notar como é quase impossível, depois do envolvimento nestes sistemas, livrar-se deles quando se tenta devolver um produto, renegociar uma dívida, interpretar extratos ambíguos ou provar que as ligações lançadas em conta não deveriam efetivamente estar ali.
Quanto mais cada um se envolver com estes sistemas, mais oprimido e estressado viverá, porque sua vida entrará em processo de repetição de atitudes, compromissos, gestos e ações.
Aquele que cai nas sutis armadilhas preparadas mergulhará em crise profunda de existência, ao perceber que gasta o fruto de seu trabalho para pagar seguros, planos de saúde e dívidas. Que a maior parte de seu tempo é utilizada para administrar o caos imposto por este tipo de vida irreal criada pelos sistemas.
Em cada iniciativa que tomar em busca da liberdade perdida, o indivíduo esbarrará não só nos limites normais impostos pelas leis, mas ficará estático diante das barreiras que são criadas pela burocracia de controle ou por outras geradas pela alta tecnologia.
Se é que existe uma explicação simples para estes surtos de loucuras urbanas, ela estará na opressão sufocante imposta por estas pequenas comodidades que deveriam servir para o bem-estar do ser humano.
Só existe uma maneira de diminuir os surtos de loucuras instantâneas: mesmo não entendendo de filosofia, mesmo que a capacidade de autonomia estiver em baixa, mesmo que as condições sejam adversas, cada um deve provocar uma parada brusca e obrigatória na correria do seu dia-a-dia. 

Colocar-se em atitude de profunda reflexão sobre a vida, a existência e os fatos que a regem, analisando tudo sob nova luz. E, com o que restou do senso crítico, buscar superação e liberdade destas realidades que não são saudáveis e verdadeiras.
Tudo o que é verdadeiramente bom coopera para o bem. Tudo aquilo que não se enquadrar neste princípio, cujo uso ou prática gerar angústias, deve ser abandonado com a mesma simplicidade da criança, que facilmente passa do choro ao riso. 

Xô! Sai pra lá, loucura doida desses nossos tempos.
J. Rubens Alves

domingo, 2 de dezembro de 2012

O GRUPO, A INJUSTIÇA E O DILEMA

Qualquer injustiça dói! Provoca dor porque fere a carne e o coração. 
Fere mais profundo a injustiça praticada por grupo ou instituição constituídos por pessoas que sempre se declararam irmanadas no espírito cristão e, mesmo assim, tomam atitudes sem critério. 
Em retrocesso aos tempos da condenada inquisição, se unem na escuridão para julgar, condenar e excluir de seu meio supostos desafetos, sem direito à defesa aos 'condenados'.
Os motivos para a arcaica decisão podem ser banais e corriqueiros, sem relação alguma com a essência verdadeira da instituição que os abriga, motivos que bastam, contudo, para expurgar os pares incômodos que não se encaixam mais aos seus gostos.
Com certeza, o Mal se infiltra, de mansinho, em qualquer meio, até em grupos reunidos ao redor do ideal cristão, causando estragos, semeando desconfiança e caos, bastando para isso, o apenas descuidar-se da vigilância e da oração. 
O Mal se dissemina através de pequenas inverdades, de fofocas criadas a partir de fatos comuns na vida dos vivos e que nada tem a ver com os objetivos espirituais primeiros daquele grupo irmanado. 
As discórdias são plantadas sutilmente, sem fundamento, mas com maestria, sempre por alguém enfraquecido nos propósitos da fé e da espiritualidade, despertando no grupo o monstro adormecido da corporatividade. 
Antes alicerçado em bases do amor, da compreensão, da correção fraterna, no direito à defesa e no cultivo da paz, o grupo afetado pela semente do Mal corrompe suas estruturas e se esfacela, como espigas de milho envelhecidas, cujos grãos já não servem para semear ou alimentar, comprovando que o envelhecimento pode ocorrer não só no campo biológico, mas no campo das certezas espirituais e do bom senso. 
O envelhecimento espiritual pode se evidenciar pelo enrijecimento do pensamento e pela deficiência da visão do coração, confirmando que o envelhecer, nem sempre aumenta o nível de sabedoria, mas em alguns casos, o da intolerância. 
Pessoas afetadas pelo Mal, mesmo sem cultivar o interesse das 'trinta moedas de prata', porém supostamente guarnecidos em nome do 'seu deus', 'do seu grupo', 'do seu entendimento', excluem do seu meio as pessoas que já lhes serviram como referência de bondade, de juventude, de dinamismo e de serviço, em troca de caprichos equivocados. 
A injustiça praticada por gente que se diz 'de Deus' é mais aniquiladora que a injustiça praticada pela lei dos homens: Ela faz sangrar o coração! 
O grande consolo vem pela justiça de Deus, que mesmo tardia não falha, não permitindo morrer os corações feridos, mas fazendo arder, pelo remorso, os corações que feriram. Como dizia Platão: "Cometer injustiças é pior que sofrê-las". 
É triste constatar que muitos se desencantam com as instituições e pessoas incumbidas da missão de propagar a semente do Reino de Deus através do testemunho de suas vidas quando assistem a esses procedimentos asquerosos de julgamento e de injustiça premeditadas por parte das pessoas que se declaram 'do Bem e de Deus'. 
Os desiludidos não conseguem compreender como pessoas assim, com esse perfil de julgadores, possam ser seguidoras de um Jesus que acolhia e não condenava nem mesmo as prostitutas com seus atos libidinosos e convivia amorosamente com agiotas e seus atos tão corriqueiros da vida, de trabalho, de comércio e de favores mútuos. 
Sobra, além do mais, para todos que tomam conhecimento dessas injustiças um perigoso dilema: Se vale mais orar bebendo em uma igreja ou beber orando em casa ou num bar? 
A grande certeza, entretanto, para aquele que resiste a essas investidas injustas pela fé, é que em todos os acontecimentos se deve enxergar a vontade e a mão de Deus num possível e eminente livramento de coisas e pessoas que já não somam mais e que lhe podem causar ainda, dores maiores e profundas!
J. Rubens Alves

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

FELIZ É QUEM...

    Quem não sente vontade de progredir, de melhorar aptidões, relacionamentos e as condições materiais e de bem viver? 
A realização de cada um, nesse sentido, acontece através de sua progressão na ordem da vida, não apenas por satisfação, mas como meta de deixar alguma marca na linha da História ou, ao menos, ou algum feito em sua própria vida. Mesmo que um simples gesto de ajuda ou solidariedade a alguém próximo que necessite.
As grandes certezas da existência - o nascer, o viver e o morrer - são etapas que, sem exceção e naturalmente, serão vencidas, independentemente da nossa vontade. Tratam-se do inevitável. Nada podemos fazer com relação a essas certezas. 
Por isso mesmo, não basta apenas o nascer, o viver e o morrer. É latente, em cada um, a necessidade de outros feitos, sejam quais eles forem, para marcar a passagem pelo mundo. Algo como dizer: "Olha, eu passei por aqui...". 
A maioria, todavia, levada pelas exigências dos sistemas e dos modismos do mundo, fixa suas metas de progresso só e restritamente no âmbito temporal e material. De maneira equivocada, quase todos acabam convencidos de que sua meta final seja amealhar apenas resultados materiais. 
Empenhados em acumular bens, abarrotar os "silos" de riquezas se esquecem do seu outro lado, o espiritual, certos de que a realidade que vivem é a verdadeira realidade não existindo outra além dela! Vale apenas aquilo que se pode ver, tocar e possuir. Nada vale o "ser", mas somente o "ter" e o guardar no baú envelhecido. 
Mesmo eu, consciente daquilo que escrevo e transmito, tenho que ficar vigilante para não cair nas ciladas da “Maria vai com as outras”, pois para cair na angústia e no estresse basta um descuido! 
Vale a reflexão: quantos na sociedade, na função que cumprem, no poder que exercem transgridem as leis fundamentais de Deus e outras tantas leis dos homens para atingir metas, realizar sonhos, resguardar direitos e satisfazer desejos preterindo convicções, amizades e relacionamentos? 
Para alcançar a verdadeira alegria e a felicidade é preciso, entretanto, reconhecer que a plenitude nesses sentimentos só será atingida quando o progresso, em especial o material, é conduzido e fundamentado nas leis maiores da ética, da justiça, do amor e da partilha. São essas, sabe-se muito bem, as próprias leis fundamentais de Deus. 
O reino espiritual a ser conquistado, ainda nesta vida, se baseia no tripé do amor, da justiça e da paz, porque quem pratica o amor promove justiça e quem vive de justiça constrói a paz. Isso mesmo, tão simples assim! 
Quem dessa forma procede, calmamente cursa os rumos de sua existência, caminha tranquilo ao encontro de sua alegria e felicidade plenas, na certeza de que não deixou atrás de si amontoados de seres esmagados e transgredidos. Pessoas próximas esfaceladas por soberbas e avarezas.
Estará consciente de que não quebrou sentimento algum com sorrateiras ‘puxadas de tapete’, acusações desnecessárias, quebras de confiança. 
Conhecerá, enfim, a verdade contida no cântico do salmista que diz: "Feliz é quem na Lei do Senhor Deus vai progredindo", não só na juventude, mas em especial na idade avançada, na qual a sabedoria deveria ser maior. 
Nessa Lei não há espaço para maldades, mentiras e safadezas!
J. Rubens Alves

terça-feira, 9 de outubro de 2012

PROFUNDIDADE DAS CRISES


A maioria das crises, independentemente de onde e como surgem, nasce de divergências de pensamentos, de comportamentos, de valores e de interesses.
As crises são momentos e situações tensas. Difíceis de contornar e resolver provocam desgastes extremos nas partes envolvidas. Caem com raio sobre cabeças, grupos e nações.
Mesmo que seja meramente existencial, isto é, crise vivida por um indivíduo solitário, isolado com seus problemas íntimos, a crise provoca grandiosos prejuízos e estragos em quem as experimenta.
Os nefastos prejuízos são sempre maiores quando uma crise envolve grupos, comunidades, governos e países. Se não são controladas no início podem levar à degradação, ao caos e destruição integral os que nela forem envolvidos.
Nos tempos atuais, é possível perceber focos de divergências bem próximos de cada um potencializando crises mais profundas.
A profundidade das crises, sejam de qualquer origem, é diretamente proporcional à extensão das divergências e dos problemas que as provocaram.
Quando, porém, as crises são analisadas sob ótica crítica e cuidadosa, diminuem de dimensão porque, no fundo, se percebe que elas surgiram de situações insignificantes ou de critérios errôneos de análise!
O Grande Mestre, quando vivia a plenitude de sua vida pública, permeou entre crises criadas pelas novidades que apresentava ao mundo sobre o Reino de Deus e delas se livrava com sabedoria, para o espanto de todos que presenciavam sua performance.
Em muitas ocasiões, como aquela em que ensinava a “oferecer a outra face”, o Senhor queria sugerir uma flexibilidade na análise de situações adversas, isto é, mais do que tomar uma atitude subserviente queria dizer “analisar a situação de agressão sob outras luzes e formas” para que sejam antes entendidas e depois sanadas.
E Ele sempre está certo! Se cada um seguir este ensinamento vai perceber que a maioria dos problemas e crises tem um quilometro de extensão por um centímetro de profundidade!
O que pode destruir não é a extensão do ferimento, mas a sua profundidade!
J. Rubens Alves

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

BUSCAR MAIS AO ALTO


Vale a pena imprimir um esforço continuado na transformação radical de conceitos e mentalidades que nos escravizam e, assim, buscar um grau acima em nossa progressão espiritual porque estamos convictos, lá em nosso íntimo, que a constante e elevada vibração espiritual é que, em verdade, nos transmite vida.
Mesmo se mantivermos costumes voltados para uma religiosidade, que geralmente se restringem aos atos mais corriqueiros de expressão de fé poderemos, em certo momento, sentir um distanciamento da nossa verdadeira Fonte de Vida e um vazio inexplicável.
Em alguns momentos estamos alegres e felizes, conseguimos manter nosso espírito em oração e intensa espiritualidade desfrutando, assim, um período de paz deliciosamente transcendental.
Isso acontece porque somos arrebatados para a fase mais próxima de nossa verdadeira condição de filhos de Deus.
A vida na matéria  não é ruim, mas como ‘ser total’ - nós somos inseparáveis do plano Divino (do qual fazemos parte integrante e não podemos nos evadir) - sentimos como uma saudade de algo que não conseguimos ver e tocar.
Quando nossa condição humana se vê transportada para mais próximo de sua verdadeira origem, através de momentos de intensa meditação e oração, temos aí alterado nosso estado de percepção e de consciência.
A superação da nossa condição humana - o ser simplesmente matéria - acontece, contudo, no tempo certo para cada indivíduo, de acordo com seu esforço neste processo de melhoria, equiparando-se tal como um prêmio intransferível: o de ascender ao nível maior de espiritualidade.
Quando isso ocorre, acordamos para as enormes potencialidades que existem dentro de nós, atravessando um verdadeiro portal de consciência.
Passamos, então, à maior valorização do amor e do conhecimento, deixando para um segundo plano, outras preocupações de nossa vida temporal. Eliminamos o medo da morte. Começamos a sentir que todo o universo é interligado por uma mesma origem. Aprendemos a tomar o controle pelo rumo de nossa existência, utilizando verdadeiramente o livre arbítrio. Sobem, em nível de importância, outros valores: o amor à própria vida, ao próximo, pela natureza e por toda a criação. Passamos a viver uma busca incansável e insaciável de espiritualidade cada vez mais profunda. Passamos a sentir que o universo é amigo, benevolente e seguro.
O vislumbre de que existe Algo Maior do que nós, amparando-nos e unificando o universo é psicologicamente central à experiência humana. Nutre nossa alma, cura a sensação de abandono, separação e isolamento e reconstitui a nossa alma.
Esse é um processo restaurador e auto-organizador. Nos dá segurança e uma referência clara onde devemos chegar. Deixamos de ser peregrinos errantes, sem destino.
Esse processo de busca e encontro é tão organizador que, em fato real, vemos o que ocorreu com Paulo, que viu sua vida toda ser reestruturada quando foi arrebatado até o terceiro céu. Ele próprio narra, claramente, o episódio que marcou sua vida em 1Cor 15,35-55 e 2Cor 12,1-(4). É só conferir.
Ele não precisou morrer na carne para subir e conhecer outro céu, outra morada.
Nossa vida é alimentada, desde crianças, por uma espiritualidade irreal, através de conceitos prontos. Concebemos Deus como nosso Pai, Jesus como nosso irmão, personagens distantes e, por isso, nos frustramos e nos sentimos limitados, impotentes e sós.
Para aquele que não supera as limitações de conceitos religiosos, através de entendimento e progresso espiritual, sobram sentimentos pequenos de impotência, de infelicidade, de tristeza, de solidão. Sente uma fragilidade incontrolável por ser simplesmente humano, atrasando a sua posse de herdeiro da condição de filho de Deus.
Na verdade, nós todos sentimos que há algo de muito Maior entre essa vida nossa e o que verdadeiramente nosso íntimo tende a alcançar.
Existe, além de nós e do que realmente vivemos, algo de muito Superior, que ainda não conseguimos ter uma idéia muito clara, mas da qual temos, em alguns instantes, relances que nos dão uma sensação de plenitude e de intenso amor, de grandiosa felicidade, de intensa paz e de uma inexplicável sensação de bem-estar.
Quando estamos a sós, é possível sentir todas essas sensações se conseguirmos nos fixar num plano espiritual mais elevado.
Juntos, através de união de um grupo, é possível fortalecer essa capacidade de energia espiritual. O simples fato de vivermos em estado de união e oração, nos traz certeza da presença de Deus em nosso meio.
Fazemos parte de um plano grandioso, muito maior do que essa fase de nossa existência. Fomos escolhidos por Deus antes de nosso nascimento e depois, em herança recebemos um cheque em branco do Filho do mesmo Deus.
Uma de nossas falhas é não tomar posse dessa herança, não descontar esse cheque em branco. É importante sentir que fazemos parte de todo esse processo Divino.
Urgente é tomarmos consciência de nossa verdadeira identidade e partilhar nossa experiência individual com cada um daqueles que cruzarem nossos caminhos.
Todo dia, o presente de amanhecermos vivos já é um motivo de buscar, mais lá no alto, aquilo que tanto desejamos!
J. Rubens Alves

domingo, 2 de setembro de 2012

PREVISÃO DO TEMPO


Sensivelmente se percebe a brusca mudança nas estações do ano, provocando calor escaldante no outono, frio excessivo na primavera ou secas duradouras no inverno.
Ficam apenas na lembrança os agradáveis climas que nos presenteavam com temperaturas amenas e agradáveis nos fins dos dias de verão ou meia estação.
As tempestades de verão, entre dezembro e março, antes rápidas, vêm revoltas destruindo sem avisar ou prevenir.
Apreensivos, somos bombardeados com notícias preocupantes dando conta que a situação pode ser mais grave do que parece.
Além dos problemas cíclicos, outros se tornaram crônicos, tal como o da escassez de água em todo o planeta, prevista para dentro de um futuro bem próximo
Os cientistas já não se preocupam tão somente com a seca ou períodos de estiagem. Eles estão agora concentrados num assunto mais grave, batizado como desertificação, isto é, escassez de água potável para o consumo e com seca perene que destrói a fertilidade da terra, deixando-a estéril para produzir.
Diante de previsões de calamidades destas proporções, nos sentimos temerosos, impotentes e pequenos.
Passamos a sentir dois tipos de sede: a física que preenche as nossas necessidades biológicas e a sede espiritual pelo poder de Deus que pode nos livrar de tais desastres.

E reconheçamos que tudo acontece pela ação insensata do próprio homem, principal agente da destruição dos mananciais e da natureza. 
Tornamo-nos, através do medo que sentimos com essas previsões sombrias, mais cuidadosos.
E quando o temor abate, quando temos conhecimento de calamidades, pestes, guerras e matanças, prontamente nos lembramos de Jesus nos exortando a estar atentos: “Quando virdes todos esses sinais... estais preparados...”!
Se estamos preparados, dispostos a sentir o significado de todos esses sinais dos tempos, afinando a sintonia com as necessidades do espírito, olhamos em nossa volta com mais atenção, percebendo que o clima está alterado também nos nossos relacionamentos intra pessoal, isto é, o relacionamento entre 'eu e eu mesmo' e que sempre prejudica o relacionamento inter pessoal, isto é, o relacionamento com cada um daqueles com os quais convivemos mais proximamente, incluídos aí esposo, esposa, filhos.
A alienação total, o materialismo exacerbado, o consumismo incontrolável, o imediatismo que angustia, afetam diretamente o clima de nossa vida, porque são ações provocadas pelo Mal em nossas vidas.
Se não vigiarmos e orarmos, estaremos sofrendo variações incontroláveis de clima, ora nos transbordando por enchentes de amor e compreensão, ora nos tornando frios, calculistas e insensíveis, congelando a ação do Espírito de Deus em nós. Num sentido parecido: nos tornamos deserto, onde nem mesmo a semente da Palavra tem chance de germinar.
Os sistemas de hoje e as ações tão comuns deles decorrentes procuram nos afastar de nossos princípios cristãos, éticos e de cidadania destruindo, por fim, nossa base familiar.
A ação de recuperação e de prevenção de desastres em nossas vidas, requer esforço obstinado e conjunto, a começar pela união e o amor do casal por si e por sua família, substituindo qualquer nicho de escuridão pela Luz da Palavra, através do diálogo, oração contínuas e gestos de verdadeiro amor.
J. Rubens Alves

sábado, 18 de agosto de 2012

DETALHES DIVINOS


Não esqueçamos: devemos ser luz para o mundo!
Às vezes nossa chama fica ao ponto de apagar. Sufocada pelo ar viciado do dia a dia nossa luz é ofuscada e se dispersa, sem produzir efeito. Não conseguimos brilhar mais. Em nossa volta ninguém nos reconhece, nem identifica.Para dar vida à nossa chama interior, coisas simples são suficientes, se ainda não perdemos de todo nossa sensibilidade. Basta pouco para que nossa sensibilidade seja capaz de captar uma força renovada que pode vir através de uma pessoa, um breve artigo ou algum conselho.
Se algo simples nos faz bem, poderá também fazer bem aos outros; poderá servir de lampejo novo.
Caminhamos pela estrada da vida sem perceber o que nos circunda. Então, a existência se torna uma longa caminhada, tão exaustiva que nos leva quase a desistir, porque não somos capazes de sentir simplesmente a vida!
Essa estória que circula em palestras, bem serve como exemplo do que desejo transmitir com relação a sensibilidade que cada um deve apurar: 
"Certo dia, um chinês chamado Lailai tomou uma resolução: iria dedicar sua vida à meditação. 
Decidiu ingressar num mosteiro no alto de uma grande montanha, com objetivo de encontrar a iluminação espiritual. Viajou muitos dias e, ao chegar em frente ao portão principal do mosteiro, encontrou aquele que seria o seu mestre. 
Lailai foi recebido com muito amor pelos monges que há muitos anos viviam por lá e dizia a todos: - Vim para buscar minha luz espiritual.
Passados alguns anos, o monge Lailai começou a ficar descontente com sua situação, pois não conseguia encontrar o caminho da luz, sentia-se o mesmo. Procurou o mestre e disse-lhe: - Amado mestre, ensinaste muitas coisas belas e importantes nesta minha caminhada, mas ainda não consegui alcançar a iluminação em minha vida. Quero desistir da vida de monge e voltar para a minha aldeia. 
E o mestre respondeu: - Tudo bem, Lailai. Já que você está desistindo desta vida de meditação, quero lhe acompanhar na descida da montanha. Amanhã, às 4 horas da manhã, estarei esperando no portão principal do mosteiro.
No horário marcado, Lailai encontrou-se com o mestre. 
Ao sairem do mosteiro, o mestre perguntou a Lailai: - Querido filho, o que estás vendo neste momento? 
Respondeu Lailai: - Mestre, vejo o orvalho da madrugada, o cheiro das flores, o céu estrelado e uma lua maravilhosa. 
Continuaram descendo a montanha. Passada uma hora de caminhada, o mestre pergunta: - E nesta parte da montanha, o que está vendo?
Respondeu-lhe Lailai:- Vejo os primeiros raios de sol, escuto o canto dos pássaros e sinto a doce brisa da manhã penetrando em todo o meu ser.
E assim continuavam a descer a grande montanha. Passadas algumas horas, o mestre voltou com a mesma pergunta, e Lailai assim respondeu: - Mestre, neste trecho da montanha sinto o calor do sol, o som do riacho, o orvalho evaporando e os animais silvestres em harmonia com toda a natureza.
Seguiram a caminhada. Chegaram ao pé da montanha ao meio-dia. E mais uma vez, o mestre fez a mesma pergunta, e Lailai respondeu: - Mestre, vejo como a montanha é bela, as árvores da floresta, o riacho doce que circunda o vale, o camponês cuidando da plantação de arroz. Vejo, também, uma criança feliz brincando com o seus amigos.
Então, o mestre lhe falou: - Agora você já poderá voltar para o mosteiro.
Espantado, Lailai perguntou qual seria a razão da volta ao mosteiro.
Respondeu-lhe o mestre: - Porque você já encontrou a Luz.
- Como assim?, questionou Lalai.
- Muito simples - repondeu o mestre - Em cada etapa da descida da montanha você percebeu a importância de cada detalhe da natureza, compreendendo os seus sons, seus odores, suas imagens, suas cores e sua vida."
Assim, portanto, é que devemos ver e interpretar esta longa caminhada. A isto tudo, nós chamamos de iluminação espiritual.
A cada degrau da vida, veja a beleza que ela oferece. Encontrar em cada pequeno detalhe da vida, um significado divino. Além de reavivar a chama interior, expandiremos nossa luz para todos. Uma luz colocada sobre o alto para que ilumine a todos.
J.Rubens Alves


terça-feira, 31 de julho de 2012

IGUAIS DIFERENTES

Aconteceu ao levar um amigo para casa. Ao estacionar o carro, mesmo antes que descesse para me despedir, fui abordado por uma moça ainda jovem, bastante judiada na aparência e no asseio. Dizia que precisava completar o dinheiro para comprar um remédio para sua filhinha. 
Sem analisar se a estória de sua necessidade era ou não verdadeira peguei, continente, no console do carro onde sempre deixo algumas moedas, duas delas, sem mesmo ver o seu valor. A garota, ao estender as mãos, exibiu vários pontos de queimaduras em seus dedos, claramente sugerindo que era viciada, possivelmente em ‘crack’. 
Para minha surpresa e de meu amigo que, ao lado, observava toda cena, a garota esboçou um irreverente sorriso e, devolvendo-me as moedas com rara petulância, proferiu rudemente que ‘aquela quantia não lhe interessava e que as desse para outro idiota’, não para ela. Feito isso, deu de ombros e virou-me as costas, embrenhando-se por outra rua. Ficamos ali perplexos, por alguns instantes! 
Logo após esse inóspito episódio, estacionei o carro em outra rua para comprar os pães para o lanche da tarde. Ali é comum a presença de garotos que se oferecem para ‘olhar o carro’. 
Ao retornar da compra, como que numa reprise da cena que acontecera há apenas alguns instantes, novamente fui abordado por um deles que pedia ‘algum dinheiro’. Igualmente, era judiado na aparência e no asseio. 
Agora, propositada e conscientemente, peguei aquelas mesmas duas moedas rejeitadas pela moça e entreguei-as ao rapazote. Para minha surpresa ouvi de sua boca, esboçando um feliz sorriso, “obrigado, que Deus o abençoe”. 
Dois fatos isolados, mas parecidos. Pessoas da mesma classe social, excluídos e, de certa forma, carentes de um olhar, de uma ajuda. 
Apesar de iguais em sua essência e no seu aparente perfil são, entretanto, totalmente diferentes no grau e na maneira de aceitarem e conviverem com suas misérias e dificuldades. Ele pede pela necessidade de nutrir-se, ela para ‘alimentar’ o vício. 
Quilômetros de diferenças interiores separam as duas personagens, em especial, na espiritualidade, na forma de reconhecer tudo aquilo que Deus lhes concede a mais ou a menos. Um bendiz, enquanto o outro amaldiçoa. 
Assim, de posições sociais diferentes, mas semelhantes a esses dois jovens, quantos deixam de receber tantas bênçãos e dádivas que imploram ao Céu, por esperá-las apenas em grandes proporções, deixando de reconhecer e acolher, aquelas que são concedidas na forma de pequenas manifestações em suas vidas, tal como é o próprio dom do 'simplesmente viver'. 
Abrem mão de tantas pequenas alegrias verdadeiras, em troca de buscar e viver apenas atrás de grandes realizações, prazeres e resultados. 
A intensidade do viver, a alegria e paz em plenitude não dependem do grau ou posição social e cultural, e sim do grau de aceitação, sensibilidade e espiritualidade de cada um. 
Em verdade, ‘o sol nasce para brilhar sobre os bons e os maus’, comprovando que todos são iguais para os dons e graças da Vida, bastando a cada um optar por viver na luz ou nas sombras. 
Um viverá, o outro certamente perecerá! 
J. Rubens Alves

sábado, 14 de julho de 2012

VALE SONHAR

Quantos manifestam desesperança com relação ao futuro! Essa postura de desilusão se manifesta com o inconformismo em relação aos atos de violência, selvagerias e injustiças que se espalham ao redor do mundo.
Não faz bem para ninguém, entretanto, ficar somente lamentando o mal que aí existe e sempre existiu, pois isso só serviria para alimentar o lado negativo. Nem o mundo se beneficiaria com posturas de desalento.
Ao contrário, cada um deve revestir-se de boas energias e alimentar esperanças.
Vale sonhar sobre as possibilidades de transformar o mundo. Se não em sua totalidade, que seria impossível, ao menos cada um ao redor de si mesmo.
Não se operam milagres sem atitudes, sem mudança de comportamento e de cultura. E tudo isso acontece através da educação a partir da família, da escola e das instituições.
Somente mudando-se a maneira de enxergar o mundo e utilizando-se com inteligência o que ele oferece de possibilidades é que se consolidarão as melhorias sonhadas.
Isso não ocorrerá se essas mudanças não acontecerem antes em cada um, modificando a partir de si a maneira de ver e interpretar o que ocorre em sua volta, se conscientizando em primeiro lugar, do seu verdadeiro papel neste mundo.
Dessa forma, o sonho de transformação se realizará em plenitude.
Não há sentido cada qual passar a vida inteira buscando apenas se resguardar e indicando que há algo errado. É preciso mudar algo a partir de si.
É preciso definitivamente lançar um olhar com horizonte mais amplo e, a partir de então, tomar uma atitude positiva que gere frutos de solidariedade, de partilha e amor.
J. Rubens Alves

quinta-feira, 21 de junho de 2012

SEMPRE É TEMPO


Era nosso costume estacionar o carro nos arredores de nosso trabalho, em especial numa rua com fluxo baixo de trânsito. 
Tal como eu, minha esposa e filha também estacionavam ali e nenhum entre nós imaginaria que este procedimento tão comum pudesse se transformar, algum dia, em pretexto para discórdia e atos de agressividade. 
Um dos proprietários de certo estabelecimento comercial passou, costumeiramente, a proferir xingamentos a mim e à minha filha. Diante de vários incidentes agimos com bons modos, sem revide, procurando ignorar as provocações daquele senhor que, apesar de formação diferenciada, se mostrava descontrolado e descia dos patamares da boa educação sempre que percebia nosso carro estacionado em frente ao seu negócio. 
Certo dia, pequena parte do para-choque traseiro avançou sobre a guia rebaixada de sua garagem. Apesar desse detalhe não impedir a saída ou entrada de veículos, aquele surtado senhor chamou fiscais de trânsito para multar e rebocar nosso veículo. 
Os vizinhos, inconformados com aquela atitude nos avisaram em tempo para evitar a remoção do veículo, mas a multa foi aplicada.
Aquele estranho indivíduo, entretanto, não satisfeito, continuava a desfiar seu virulento palavreado contra nós, esboçando seu sarcástico sorriso. 
Minha filha irritada com a situação estava prestes a perder a compostura com aquele indivíduo. Convenci-a para que entrasse no veículo e o conduzisse para outro lugar. 
Voltei-me, então, para aquele moço agressivo e descontrolado convidando-o a refletir sobre sua atitude tão agressiva, antissocial e, acima de tudo anti-cristã. 
A partir daquela data nunca mais estacionamos ali o veículo evitando, até mesmo, em caminhar por aquele trecho de calçada, para não alimentar outros incidentes. A cada nova provocação, fazíamos questão em responder com silêncio e mansidão. 
Nos últimos tempos não o vimos mais nem ali ou em outro lugar.  Nossos caminhos não mais se cruzaram. 
Quase cinco anos se passaram e nem lembrávamos esse transtorno.
Surpreendentemente minha esposa, há alguns dias, entrou no escritório com olhar surpreso, para avisar que alguém desejava falar-me. Segundos depois, ali diante de mim, estava aquele mesmo moço, agora abatido e com olhar melancólico, me pedindo o perdão. Disse-me que, durante o tempo transcorrido desde aquele destempero, a esposa lhe pedira separação, ele por sua vez fracassara no trabalho e se considerava agora doente do corpo e da alma, numa prova viva e cabal de que a maioria das doenças advém do ranço e remorso que cada qual guarda em seu coração. 
Aflito, tentou relembrar todo o ocorrido, mas não o deixei continuar. Simplesmente abracei-o e pedi que fosse em paz, desejando-lhe que Deus, em sua misericórdia e bondade, lhe concedesse a graça de recobrar novamente a luz e a paz para sua vida e sua família. 
Sob dois aspectos esse acontecimento maravilhoso deve ser motivo de imensa alegria: por um lado ali estava uma pessoa que verdadeiramente reencontrou o caminho de volta para Deus e para a Vida, através do arrependimento e da atitude despojada e humilde de pedir o perdão; por outro, a oportunidade em reconhecer que Deus se manifesta em ato contínuo nas nossas vidas, colocando-nos em situações pelas quais somos provados quanto a nossa medida e capacidade de acolher, perdoar e amar. 
Essa experiência real, recentemente vivida, comprova a necessidade de estarmos sempre preparados para o acolhimento e para o perdão incondicional a qualquer um, colocando fim ao ciclo vicioso que se instala, pela ação do Mal, no relacionamento entre seres humanos.
Devemos acreditar na capacidade de sermos magnânimos e praticantes da lei do perdão, a única que alimenta o amor, a justiça e a paz duradoura! 
Afinal, somos nós os potenciais construtores da paz neste mundo para, em consequência, conhecermos a Paz do Alto! 
J. Rubens Alves